Questiono-me...
Continuo a dar comigo a conversar contigo, sempre que estou
sozinha ou me sinto só. continuas a vir à minha memória sempre que me chega o cheiro da terra molhada
depois da chuva ou quando vejo um rasto branco deixado no céu por um avião. e sabes que mais meu amor? o cheiro morno do verão continua a trazer-me a imagem do teu rosto e dos teus incríveis olhos azuis!!
O simples facto de hoje em dia, a viver em Angola, ver um telhado de colmo, faz-me recordar Punta Ballena e a nossa casa!! a casa onde tantos planos foram concebidos, onde tantas palavras foram proferidas pelos nossos corações e onde tantas promessas foram assumidas. o que será feito do nosso quarto? o quarto, onde tantas vez os nossos corpos se uniram... aquela cama especial, feita pelas tuas mãos, com a madeira de árvores do nosso jardim. um leito digno de qualquer princesa e ao qual dedicaste tantas horas da tua vida.
Onde estás tu meu amor? tu que prometeste que não me "falhavas" mas que já não estás aqui comigo!
Sonho ainda com aquelas longas caminhadas, contigo na praia em Punta Ballena, com aqueles passeios nas bicicletas da Diná e do Walter a percorrer as ruas sinuosas de Portezuelo ou a subir ao arboretum do teu bisavô Lussich. o que eu daria para que estes nossos amigos pudessem ser ainda os proprietários da casa onde tantas noites nos reunimos para jantar, para conversar ou para simplesmente estar e onde me senti sempre, como em casa!! tantas coisas se passaram naquela casa, tantas melancólicas recordações vivem comigo, como o ver-te de de manhã esteirado na rede ou sentado na cadeira Bonet a ler o jornal, uma casa onde a música alegrava e nos acompanhava ao longo do dia, a casa onde a Diná cultivava ervas
de cheiro e onde no jardim estava "plantada" uma escultura impressionante do Walter. esta casa onde nos sentávamos na galeria, no banco corrido, para comer uma refeição ou ler um
livro, beber um café, tomar um copo, ou onde ouvíamos o assobio do Sile quando passava depois de terminadas as compras para a tua mãe. a casa onde te vi pela primeira
vez em 2004 no meu jantar de boas vindas e onde tantas vezes me
chamaste de gatita!!
Tantas e tantas noites loucas e divertidas enchem o meu cérebro, tantas e tantas recordações que perfumam a minha alma e deliciam ainda o meu coração desprendendo fragrâncias de ti, Adolfo
Hoje quando recordo tudo isto aflora um sorriso aos
lábios e o meu coração transborda de ternura.
Tu partiste, a casa da Diná e do Walter já não lhes pertence, as
bicicletas foram vendidas, a tua mãe também já partiu e a maioria das ligações
que criámos estão a perder-se aos poucos.
Só me resta regressar a Punta e passear pela
praia contigo porque esse lugar ainda continua a ser o nosso!!
Luanda, 8 de Agosto de 2012
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