domingo, 14 de junho de 2009

olá amiga


sábado senti-me tão pequenina, tão vazia, tão sem jeito que fiquei em casa e fui ficando, olhando a chuva e chorando para dentro, com ela.  enrosquei-me no meu casulo, e senti-me a pessoa mais só deste mundo, a pessoa mais desamparada, a mais perdida...
tinha começado a preparar o jantar quando recebi um telefonema do Uruguay, a Marta mãe do Adolfo queria saber de mim!

foi muito bom falar com ela, saber da família e recordar mas, foi terrível dizer adeus... dizer-lhes até um dia, aceitar que as minhas idas ao Uruguay vão acabar por terminar em pequenas viagens de quinze dias, de ano a ano, por agora porque, mais tarde tornar-se-ão de certeza mais espaçadas, iremos perdendo aos poucos a ligação forte que nos une, que nos uniu! ficará, estou certa, um sentimento especial no coração, cujo único elo de ligação será o nosso amor pelo Adolfo.

é tão estranho... depois de tantas viagens para o "cone sur", de sentir este país também como meu, de ter aceite esta família como minha, de os ter no meu dia-a-dia... é tão estranho ficarmos tão distantes, deixar de saber o que se passa com eles, desconhecer os seus planos, os seus sonhos, as suas alegrias e tristezas...

é tão estranho lembrar-me que até há pouco tempo o Adolfo me descrevia o seu dia-a-dia com tanta sensibilidade e ternura, me falava da sua relação com a mãe super protectora e cheia de amor para dar, me contava do apoio e ligação forte com os irmãos, com os amigos, do amor que tinha pelos filhos que amava de uma maneira tão especial...

e tudo isto lhe foi tirado, me foi tirado, por uma horrível doença incurável uma doença que quando o conheci há cinco anos, já singrava, escondida, calada!! que ódio, que angústia, que impotência por não conseguir alterar o destino!

depois do telefonema do Uruguay chorei, chorei muito, deixando sair esta tristeza que trago no meu coração, precisava de desabafar, precisava de mimos e liguei-te a ti, madrinha do nosso "casamento", mas não estavas, não atendeste... não consegui falar sobre a minha dor, o meu desgosto, era contigo que precisava conversar, tu que também o conhecias tão bem...

saí, noite fora, sob a chuva miudinha que me arrefecia os ossos. andei, mais de duas horas pelas ruas desertas, por esta vila fantasma.   não me lembro por onde andei, o chão e as poças de água não tinham fim, o cheiro da terra molhada fazia-me recordar punta ballena, os pingos gordos da chuva que caiam das árvores martelavam-me o pensamento, a noite estava tão só, tão triste.  dei finalmente comigo a dirigir-me para casa, já era tarde, queria entrar mas não conseguia.

sentei-me no banco frio e molhado junto à piscina e ali fiquei a olhar o céu e as nuvens pesadas que escondiam a lua em fase crescente, essa lua que teimava em me iluminar com a sua luz morna, mas que ao contrário de outras noites, me arrefecia a alma.

fiquei, chorei o meu desgosto, o meu karma, sentia-me tão vazia, pronta para para me deixar ir, desaparecer para sempre, sem alento para continuar mas, os rostos sorridentes e alegres das minhas filhas surgiram tão reais, olhavam para mim tão cheias de ternura que o meu pranto abrandou e finalmente alguma calma se apoderou de mim.
entrei em casa, beijei-as ao de leve e deitei-me. estava gelada, a mente vazia, oca.

dormi mal e acordei cedo. olhei a minha cara no espelho e não me reconheci, dois círculos castanhos inchados com linhas negras ao seu redor tornavam os meus olhos pequenos e vagos, dois pontos escuros sem vida.

almocei com as minhas filhas num restaurante na praia mas a conversa estava difícil, não tinha nada dentro de mim, só um mal estar horrível.  no final da refeição duas delas partiram, uma acompanhou-me.   sentou-se comigo em casa, calada, talvez porque não soubesse o que me dizer, talvez porque não me quisesse incomodar, talvez porque estivesse a defender-se.
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só agora vi o teu email, tocou-me muito a tua solidão, mas amiga hoje não consigo dar nada de mim, estou vazia, sem alento, sem amor. desculpa

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Um homem fora do comum!


Mensagem de Adolfo para Becas
Jan 27, 2008 7:24 PM (UY)


Mensagem enviada antes da partida da minha filha para Moçambique onde iria ficar 8 meses. Esta mensagem do Adolfo resultou de uma conversa que tivemos contando-lhe da minha preocupação com a minha filha mais velha. Na altura, a Becas estava muito em baixo, desiludida com a organização onde trabalhava como voluntária na Noruega, pensando em desistir, cansada de um trabalho pesado, sozinha, sem apoio e sem acreditar já na missão que decidira aceitar...


Ola mi pequenha.
Si bien eres la mayor de mis 6 pequenhas, no por ello dejo de sentirte así, pequenha, frágil, llena de entusiasmo por la vida y hacer de ella un orgullo para ti y tus seres queridos.
Recién hablando con tu madre me comentaba que estabas triste y batió en mi corazón un dolor saudozo (no se si se escribe así), con frecuencia pienso en ti, en tu reír espontaneo, explosivo y contagiante, eres tan bonita por dentro como por fuera y si a eso le sumas lo inteligente que eres, resultas un "coctel" maravilloso.
Te cuento un poco de mi, después de haber tomado consciencia de mi mal jamás pensé que pudiera ser trágico, ni remotamente consciente que algo malo pudiera ocurrirme, ello me ayuda bastante, alem de todo el cariño que recibo, de mi familia, mis amigos, (nunca imaginé ser tan apreciado así) en algún momento llegue a pensar "aguanta corazón tanta emoción", fue una experiencia de vida increíble que a contribuido de forma muy favorable en todo mi entorno, hermanos, amigos, han abierto sus corazones y expresan sus emociones sin preconceptos ni prejuicios, luego de 5 semanas de radioterapia mi cabeza volvió a funcionar mejor que antes te diré, fue reconstruida, recupere la memoria, la conversa, por momentos descontrolada, y ahora comencé la quimioterapia que se extenderá por 5 meses, con sesiones cada 21 días, para mi nada agresivo, la tolero lo mas bien y el resultado es que terminare curado definitivamente
La estadía de tu madre por aquí a dejado una huella imborrable, todo el mundo la ADORO, bastaba conversar con ella 10 minutos para que me preguntaran, "de donde sacaste este ser tan especial", no lo se, respondía yo, pero de donde fuere que halla salido, es increíble que me halla tocado a mi, lo que me lleva a pensar sin dudas que la vida no solo nos da sorpresas, si no que también nos recompensa mas que generosamente cuando como tú, la vemos mas halla de lo individual o personal.
No fiques triste "mi pequenha", tienes todo para ser una persona espectacular, no lo olvides nunca, tropezones llevamos, pero el resultado final es tan emocionante que nos enseña "que la vida es bella".
Aquí en el restaurante estamos trabajando muy bien, los comensales salen muy contentos, lo comentan con sus amigos y regresan, los platos vuelven vacios lo cual me da inmenso placer, los empleados y amigos que me ayudan están felices y orgullosos, yo un verano "sabático", se que tu madre podrá visitarte antes que partas para Mozambique, que engrazado, hace años que tengo ese mosquitero que te envié, y nunca lo use, como imaginar que iría a terminar en tus manos, lolll.
Te quiero mucho mi pequenha y deseo lo mejor de lo mejor para ti.
Ate ja linda.