sábado, 27 de janeiro de 2007

Vê-la partir...













A minha filha mais velha vai partir. Claro que estou feliz porque, como aconteceu com todos nós, chegou a altura de se libertar, de procurar o seu rumo, de lutar pela sua independência. Fico orgulhosa por ela ter a coragem necessária para seguir o seu caminho sozinha, ainda cheia de medos mas com uma vontade inabalável de encontrar o seu lugar no mundo. Minha querida filha...

Após ter terminado a sua licenciatura em psicologia social e antes de ingressar no mercado de trabalho, irá conhecer novos mundos, novas sociedades, novas culturas. Vai começar por trabalhar em Inglaterra para juntar o dinheiro necessário para conseguir estudar durante seis meses na Noruega onde aprenderá como ajudar uma das populações mais pobres do mundo a criar desenvolvimento sustentado tendo sempre como objectivos a protecção do meio ambiente, o crescimento económico e a igualdade social. Seguirá, de imediato e durante seis meses, para um país de Africa onde porá em prática todos estes ensinamentos, trabalhando directamente com a população. Irá assim pôr em prática os seus estudos na área da psicologia social e trabalhar para uma Organização Não Governamental (CICD).

Fico muito feliz por ela e quero dar-lhe a maior das forças. No entanto, sei que vou ficar muito triste por não a ter perto de mim. As saudades vão ser muitas e sei que haverá dias em que ela não me vai sair do pensamento mas, sei também que esta fase irá ser muito importante para a transformar numa verdadeira Mulher.

Parafraseando Vinicius de Moraes:


As mulheres só belas que me perdoem, mas
Inteligência é fundamental e necessária

É preciso que a mulher reflicta por si mesma
Saiba de receitas e açúcares,
De revoluções e ogivas
De lírios selvagens e livros

Desejo a mulher-pássaro pelo seu vôo altivo
Não pela cor do rouge de ki-suco com uma alma vazia

Quero a mulher que seja ponte, asa e saiba
De Brecht a Bethoven,
Que tenha passaporte de vivências e grau de lucidez

Quero a mulher de paz e amor, de idéias e de curativos siderais
Se tiver ternura, encanto, inteligência e cultura então
Será a receita certa de musa inspiradora e dona do meu [coração.


Minha filha, este será um novo tempo de vida, tanto para ti como para mim e teremos que aprender a viver cada uma a sua própria independência.


Sê feliz meu amor!!!

terça-feira, 16 de janeiro de 2007




Fico super contente por ver o crescente interesse dos mais novos nas mostras de arte. Será que esta geração, de novas vontades, vai dar o impulso necessário para aumentar os apoios culturais nas suas várias vertentes? Quiçá...


A Exposição de Amadeo Souza-Cardoso (1887-1918) na Gulbenkian, ultrapassou os 100 mil e cem visitantes e foi uma das mais visitadas exposições de Lisboa.

Amadeo Souza-Cardoso, um contemporâneo de Almada Negreiros (1893-1970), Eduardo Viana (1881-1967), Picasso (1881-1973), Brancusi (1876-1957), Modigliani (1884-1920) e Robert Delaunay (1885-1941), frequentou o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa e, em 1905, interrompeu-o para se mudar para Paris. Instalou-se em Montparnasse onde tomou contacto primeiro com o Impressionismo e mais tarde com o Expressionismo e o Cubismo, dedicando-se, a partir desse momento, exclusivamente à pintura.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Hoje de manhã

Hoje de manhã, quando partiste, regressei ao carro, sentei-me, dei a volta à chave na ignição e o Diego el Cigala começou a cantar. De repente fui invadida por uma tristeza incrível, um sentimento muito forte de saudades e... fiquei ali sentada, frente à saída dos autocarros. Grossas lágrimas escorriam pelo meu rosto ao mesmo tempo que relembrava momentos, todos os poucos momentos que estivemos juntos. Imagens, como se viajasse numa película de filmes, desenrolavam-se à minha frente, lentamente e comecei a reviver todos os instantes juntos, o bar de praia e o seu parque de estacionamento, o Caetano e o Cigala juntos entoando “eu sei que vou-te amar” e nós dois, sós na noite, junto à ria de Tavira a dançar no meio da estrada loucos de paixão, os teus olhos, a tua boca, o teu sorriso a tua alegria e... pouco a pouco, fui recobrando daquele torpor, levantei a voz ao Diego, liguei o carro, meti a primeira e arranquei pelas ruas da cidade a ouvir aquela música a altos berros:

“En la vida hay amores
Que nunca pueden olvidarse,
Imborrables momentos
Que siempre guarda el corazón,”

e continuava

“Pero sólo consiguen hacerme
Recordar los tuyos,
Que inolvidablemente
Vivirán en mí.”

conduzi o carro, este espaço onde tinhamos feito tantas vezes amor, até ao Chiado. Eram 9h00 da manhã. Peguei a máquina fotográfica que estava no trunk do carro e saí vagueando pelas ruas ainda meia desertas, absorvendo todas as cores da manhã, fixando todos os pormenores e guardando no rolo milhares de imagens, impregnadas das emoções que tinha no coração. O dia estava lindo mas frio, sentia o vento gélido trespassar a minha blusa, arrefecendo-me os ossos mas não conseguia parar. Durante hora e meia passeei-me pelas ruas, para enganar o tempo, para não pensar, para gastar a minha energia e me refazer.

O resto do dia correu, longo e sem sabor, sem o teu cheiro sem a tua voz e sem o teu corpo a aquecer-me. Saí para jantar, à procura de amigos porque não me queria ficar sozinha mas não era eu, estava alheia, letargica, sem emoções.

Estou agora em casa, frente ao meu companheiro de solidão e te relembro meu amor.

sábado, 6 de janeiro de 2007

Todos nós concordamos

Quem pensa na forma como se relaciona com o mundo já se deve ter debruçado sobre este assunto mas nunca é demais relembrar.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Aquele que sabe pouco não pode amar muito


Aquele que sabe pouco não pode amar muito. Já não me lembro em que livro me encontrei com esta frase mas passei-a ao papel porque me pareceu um pensamento tão racional e lógico, escrito com tamanha facilidade, que imediatamente me trouxe à memória os livros e ensaios de Humberto Eco. Mas não, a frase não é dele. Este pensamento, orientado por palavras colocadas de uma forma tão simples, faz com que nos apeteça conhecer o seu autor, conversar com ele e aprender sobre esta sua facilidade em transmitir um pensamento em palavras escritas. Alguem me diz como se faz?