sexta-feira, 8 de junho de 2007

the wall


Tenho pintado mais ultimamente. Cada vez mais sinto um enorme prazer em transpôr para a tela as minhas emoções. Não sei se as minhas telas são boas ou más mas, mas também não me interessa saber o que as pessoas acham da minha técnica ou imaginação, interessa-me sim saber o que elas sentem ao olhar para elas.

Alguns dos resultados alegram-me. Fascina-me pensar e planear como faço para transmitir aquilo que sinto. Não é tarefa fácil mas eu considero-a um desafio.

Também me pergunto muitas vezes porque é que tenho necessidade de usar a cor azul e linhas geométricas.

Talvez um qualquer psicólogo possa revelar estes "innuendos" mas não me questiono sobre o porquê destas necessidades.

Será que alguém encontra este meu espaço e me diz o que sente quando olha para esta tela?

4 comentários:

Anónimo disse...

O azul tem uns tons que vão do escuro ao mais claro e as linhas rectas estão claras e cá em baixo e na horizontal. O quadro insinua-se e apresenta-se de uma maneira subtil. Se parecer k percebo de quadros é mentira lol estava a tentar seguir o teu traço mas o quadro é claro e interessante. Parabens Francisco

Walkaway disse...

Gostei do tu comentário. Como pessoa tento explicar-me através da pintura, da escrita, da estética e do conhecimento.
Relativamente à pintura e, assim como o meu Eu tem duas áreas importantes que se intercruzam, o racional, matemático e pragmático versus as emoções, as sensações, o subjectivo e o sonho, assim também gostaria de transmitir esta dicotomia do meu Eu para a pintura.
Não sei se o consigo mas continuo a fazê-lo.
Obrigada

Anónimo disse...

Não se consegue ver muito bem o quadro nesta imagem mesmo quando se acede à sua maior dimensão. Falta sentir o contexto criado pelos materiais utilizados, o seu brilho e espessura, o seu pulsar.
Mas vêem-se coisas. O azul dominante a esconder tons de terra. A presença da luz. A textura manchada das manchas e uma geometria, com a sua razão, métrica e hierarquia.
Este teu espaço está encontrado por este alguém, mas não consigo dizer o que sinto ao olhar a tua tela, e olha que já tenho olhado muito, muito, muito.
Hoje decidi finalmente comentar, porque o que queres saber, o que os outros sentem quando te exprimes através da pintura, é uma coisa muito ambiciosa e que sinceramente tenho muitas duvidas que tenha algum interesse, para ti claro.
Mas vamos por partes.
Em primeiro lugar quem encontrar este espaço e te conheça, fica desde logo condicionado a isso mesmo ainda que sem verdadeiramente o querer. Foi por causa disto que vi, e vi, e vi mas só agora comento, não queria cair num comentário supérfluo e inevitavelmente agradável.
Depois não tenho bem a certeza de que seja obrigatório sentir coisas fáceis de exprimir em presença de seja qual for o quadro. Já tenho visto muitos, sou apreciador de pintura, gosto ou não gosto. Mas quanto ao sentir que tiro deles, reflectindo naqueles que adornam as paredes da minha casa e que portanto melhor conheço, esse sentir não é uma coisa estática. O sentir de hoje não é igual ao de ontem e seguramente não é igual ao de amanhã.
Há sem duvida qualquer coisa tipo terapia em quem faz mas também em quem observa, usufrui e goza com a pintura. Gosto muito dos quadros que possuo, mas com nenhum deles me consigo desligar de um determinado contexto, do impulso que me levou a adquiri-los, da minha relação com quem os pintou, etc.
No fundo considero pertinente que ponhas em causa a bondade e qualidade da tua pintura que tanto trabalho e prazer te dá. Mas não exactamente nos termos em que o fizeste pois estarás a sujeitar-te ao melhor mas também ao pior de que nós, as pessoas, somos capazes. Por acaso, e contrariando-te, penso mesmo ser mais importante questionar sobre as questões mais técnicas deixando as subjectivas de lado. De forma a evoluíres no teu trabalho enquanto pintora, a municiares-te dos meios que cada vez mais te permitam exprimir o que queres e como queres.
Talvez um dia, em presença do quadro e num determinado momento, te consiga dizer o que sinto. Tentarei então ser honesto apesar dos múltiplos condicionamentos.
Para já, gosto mesmo muito é da tua coragem. De fazer, de mostrar, de falar sobre.
E sim, gosto muito do azul.
O azul vale a pena.

Walkaway disse...

Fiquei contente por teres encontrado o meu espaço.
Não sei se te conheço mas acredito que sim pela tua frase: “quem encontrar este espaço e te conheça, fica desde logo condicionado a isso mesmo ainda que sem verdadeiramente o querer. Foi por causa disto que vi, e vi, e vi mas só agora comento, não queria cair num comentário supérfluo e inevitavelmente agradável.”
Se me conheces então saberás que não estou à espera de críticas ou comentários para me fazerem sorrir e sentir deleitada. Esses dispenso! O que pretendo neste espaço é, de uma forma egoísta, retirar comentários, sentimentos, emoções das pessoas que o possam encontrar.
Neste caso, sobre a tela em questão, pedia impressões, sensações, emoções que pudessem ter sentido ao olhá-lo, talvez porque seja o que me acontece quando olho um quadro, “senti-lo”, ou seja, a sua sensação de harmonia de cor, o equilíbrio ou desiquilíbrio das suas formas, a emoção de tranquilidade ou agressividade que lhe extraio. Enfim, este todo, traz-me as impressões, as sensação e as emoções que procuro.
É verdade que não é obrigatório quando olhamos um quadro, sentir coisas fáceis de exprimir mas é talvez por isso que eu as quero. O fácil não tem garra e eu sou ambiciosa! Claro que a técnica tem um peso grande nesta transposição de “emoções”, afinal com esta ajuda torna-se mais fácil trazer luz a um quadro, criar transparências e dar-lhe volume mas o “sentir” de que falo e que, como tu dizes, não é estático depende do nosso dia, da estação do ano, do contexto, etc. é-me essencial. Uma boa técnica não representa um bom quadro. Já vi quadros técnicamente perfeitos mas que não me disseram nada, que não gosto.
Acredita curioso, que não me importo de me sujeitar ao pior que nós, as pessoas, somos capazes. Acho que consigo interpretar o que, as pessoas me dizendo não querem dizer e mesmo aquilo que dizem sem sentir e não acredito que alguem que não goste do que escrevo ou do que pinto sinta necessidade de me comentar. Só quem “me sentiu” me comentará e essas pessoas tornam-se-me importantes, criamos empatia, identificamo-nos.
Ainda não consigo exprimir ou que quero, como quero e quando quero, no entanto, fiquei super feliz por achares que o meu azul vale a pena!